Primeiras Impressões: Xenoblade Chronicles Definitive Edition (Switch)

Xenoblade Chronicles: Definitive Edition foi lançado para Nintendo Switch e trago aqui minhas primeiras impressões sobre essa nova versão.

Lançado para Nintendo Wii no Japão (junho de 2010) e Europa (agosto de 2011), chegou ao continente Americano somente em abril de 2012 após uma grande mobilização dos fãs, batizada de “Operation Rainfall“. Essa mobilização pedia que grandes RPG’s como Pandora’s Tower, The Last Story e o próprio Xenoblade fossem trazidos à América, já que eram restritos à Ásia e Europa (o que também não impedia que alguém jogasse, já que todo mundo tinha Wii desbloqueado mesmo).

Operação “Tá chovendo aí?”

Com boas vendas, mesmo já na reta final do Wii, Xenoblade recebeu uma segunda chance ao ser portado para o New 3DS em 2015 e ganhar uma versão com algumas melhorias visuais e o já famigerado efeito 3D. Mas sendo exclusivo de um único modelo do portátil, não teve uma boa recepção no sentido de vendas, já que nem todo mundo quis comprar um upgrade do 3DS só pra jogar 3 jogos e emuladores de Super Nintendo.

De qualquer forma, Xenoblade já tinha sido alçado ao posto de grande jogo de JRPG, com diversas premiações e o reconhecimento pela sua qualidade (inclusive tendo a mesma nota que o aclamado Final Fantasy 7 no Metacritic – 92). Isso permitiu que a Monolith Software continuasse com a expansão do seu universo, lançando Xenoblade Chronicles X para Wii U e posteriormente Xenoblade Chronicles 2 já para o Nintendo Switch. Além disso, o protagonista Shulk já estava entre os medalhões da Nintendo na série Super Smash Bros e Fiora fazia uma participação em Project X Zone. Já estava claro que o Xenobladeverso era uma realidade e merecia expansão.

I´m Really Feeling It

Em setembro de 2019 a Nintendo anunciou em um de seus Direct que Xenoblade Chronicles ganharia uma versão definitiva para o Nintendo Switch, com melhorias visuais, sonoras e ainda uma história extra contando as aventuras de Melia e Shulk após os eventos do jogo original. Finalmente Xenoblade estava sendo tratado da forma que merecia, como uma grande IP da Nintendo, em um console com as vendas a todo vapor e dessa vez não estando restrito a algumas regiões do planeta. Era a chance de muita gente conhecer essa grande aventura.

Quem tem um save de Xeno2 no Switch pode começar o jogo com 100.000 na conta (mas pode abrir mão também se quiser sentir a dificuldade de começar do zero)

Minha experiência com XC no início foi bastante conturbada. Iniciei a versão de Wii por duas ou três vezes mas ficava sempre andando em círculos sem conseguir evoluir no jogo. Era muita quest, e uma levava à outra, que levava à outra, que levava à outra e assim por diante, o que me fazia desistir do jogo. Sentia que o jogo era bom, mas que não era pra mim, infelizmente.

Eis que quando saiu pro 3DS eu resolvi arriscar: comprei o jogo e botei na cabeça que iria jogá-lo até o final, mesmo que me obrigasse a isso só pra não jogar dinheiro fora. E assim o fiz. Comecei em dezembro de 2016 e só parei em janeiro de 2017 (mais de 130 horas depois) após terminar uma das histórias mais fascinantes que já tive o prazer de jogar. Não posso deixar de registrar aqui o quanto o Visio e o Zanella (vulgo “Nerd Profeta“) botavam pilha pra que eu continuasse o jogo, já que eles tinham jogado no Wii e eram apaixonados também). Quando soube do anúncio pro Switch não quis perder a oportunidade de reviver essa obra magnífica.

“Agora Shore”. Shorei sim, várias vezes

Com a dificuldade em conseguir o jogo em mídia física, acabei optando pela digital em pré-venda na Eshop BR (onde estava mais barato), o que me permitiu jogar já no primeiro minuto do lançamento, que devido ao fuso horário foi à 01:00 de quinta pra sexta.

O arrepio ao ver esta tela no primeiro minuto do lançamento
E essa logo em seguida

Reviver toda a sequência inicial de Dunban empunhando a Monado, acompanhar o relacionamento entre Shulk, Fiora e Reyn, caminhar pela enorme Colony 9 ouvindo sua maravilhosa trilha foi de arrepiar. Joguei por uma hora, já que no dia seguinte precisava estar de pé logo cedo, mas passei o dia contando as horas pra poder sair do trabalho e pegar o controle novamente.

A entrada triunfal de Dunban no início eletrizante do jogo

Agora, com pouco mais de 8 horas jogadas, já posso trazer aqui alguns pontos a respeito dessa nova versão, que trouxe diversas melhorias em relação às anteriores.

Visual e Desempenho

Inegável que a primeira diferença é no visual. O jogo foi completamente refeito usando a engine de Xeno 2, o que trouxe um nível de detalhamento que Wii e 3DS nem sonhavam em conseguir (mas também, comparar com esses dois é covardia né… eles se esforçavam mas não tinham muita condição). O ponto alto é que o desempenho não fica prejudicado, e mesmo com os cenários enormes você raramente vai ver uma tela de loading. Nem mesmo na hora de usar waypoints em uma mesma área o jogo fica pensando, é tão rápido que nem dá tempo.

No modo portátil a resolução cai consideravelmente, mas a taxa de frames se mantém e não afeta a fluidez do jogo.

Piscou, perdeu.

O ponto baixo é que com a mudança no visual alguns personagens como Reyn e Dunban acabaram ficando meio estranhos. Reyn parece um galã de Malhação fazendo cosplay de He-man, enquanto Dunban parece jovem demais pra um herói de guerra. Sempre tive a impressão de que ele era mais velho e judiado nas versões anteriores, na atual parece vocalista de uma banda de metal melódico (mas ainda assim continuo considerando ele o melhor personagem do jogo).

Mau Mau & Cabeção
Reyn dando aquela conferida na asa
Shulk usando filtro de olhinho azul do Instagram
E Dunban confirmando que sabe fazer uma entrada com estilo

Já que falei tanto em Dunban, quero fazer uma reclamação: Mudaram tanta coisa no jogo e ele continua com aquele cabelo que parece que não vê uma água há um mês. Tudo bem que um herói de guerra não tem muito tempo sobrando pra ser vaidoso, mas pelo menos um xampu, condicionador e uma hidrataçãozinha não faria mal né?

O cabelo nem se mexe

Trilha Sonora

A trilha também foi refeita, trazendo alguns arranjos um pouco diferentes dos jogos originais. Ao mesmo tempo que em alguns casos o novo arranjo melhorou as composições, em certos momentos parece que perdeu um pouco a intensidade, mas nada que atrapalhe ou diminua a qualidade. Ela ainda cumpre muito bem seu papel na ambientação do jogo e continua na minha playlist pra ouvir de vez em quando.

pra mim é aqui que o jogo realmente começa (a trilha é de arrepiar)

Gameplay

Aqui foi onde eu mais senti diferença, já que foram várias melhorias em pequenos detalhes que facilitaram e muito o andamento do jogo.

Primeiro de tudo: mapas e side-quests.

A indicação do objetivo no mapa

Agora quando você recebe uma quest, seu objetivo já aparece marcado no mapa com uma “!“, o que ajuda muito a não ficar perdido e andando de um lado pro outro sem achar o que se procura. Em uma quest de material, por exemplo, antes você tinha que sair catando tudo quanto é bolinha azul até encontrar o que precisava pra cumprir a missão. Agora ele indica visualmente tanto no mapa quanto no próprio cenário também, e isso reduz muito o tempo pra completar as missões. Monstros também são identificados quando tem alguma missão pra derrotá-los, então dá pra sair aceitando todas as quests disponíveis e só seguir o mapa pra completá-las. Foi uma melhoria que eu comparo com a Swift Sail, a vela que te permite navegar a toda a velocidade em Wind Waker HD. Foi uma melhoria simples mas que agilizou demais o tempo de jornada e melhorou muito a mecânica em comparação com o jogo original, tanto que já fiz todas as quests possíveis em Colony 9 em poucas horas (coisa que na versão de 3DS acho que até hoje não finalizei).

Mesmo no escuro e dentro de uma caverna o jogo te indica onde está o objetivo da missão

Segundo: roupas dos personagens

No original, cada equipamento colocado mudava o visual do personagem no jogo e nas cutscenes, às vezes resultando até em combinações bizarras esteticamente falando, tudo em prol de maior proteção contra os inimigos. Agora existe a possibilidade de configurar a aparência dos personagens sem mexer nos equipamentos, o que te permite estar protegido até os dentes mas ficar andando por aí com o Shulk de Sunguinha. Também ajuda a tirar aquele visual “roupinha de vovó” da Fiora e deixá-la vestida feito uma guerreira (sim, dá pra deixar ela só de biquini também, seu tarado).

E segundo a descrição, o biquini tem até enchimento, pra aumentar o volume

Terceiro: Dificuldade variada. Agora além do modo normal existem também o Expert e o Casual (ambos são desabilitados por default).

No modo expert, o total de XP adquirido ao descobrir novos locais secretos, Landmarks e ganhando Achievements não é automaticamente atribuído aos personagens, ele fica guardado e pode ser utilizado depois, mais ou menos como já ocorria em Xeno 2. Dá pra usar essa reserva não só pra aumentar o nível dos personagens, mas também pra reduzir o nível e colocar o XP de volta na reserva. Modo bastante interessante pra quem gosta de desafios (não é o meu caso).

No modo casual o combate fica mais fácil e dá pra aproveitar melhor a história, já que tem uns chefes que são cascudos pra caramba e enchem o saco pra derrotar. Lembro que tive que fazer um monte de grind na primeira vez que joguei pra poder subir de nível e seguir o jogo, e isso foi bem irritante. Agora se você morre muitas vezes no mesmo local o jogo sutilmente sugere que você habilite o modo casual pra prosseguir, quase que dizendo “cara, tu é ruim demais, deixa que eu facilito teu lado aqui”.

Com a adição desses dois modos fica claro que o objetivo da Monolith é tornar Xenoblade acessível e agradar todos os públicos. Achei bem válida a decisão, já que o jogo não é lá muito tragável pra quem não é adepto do gênero.

Será que no casual eu dou conta?

Quarto: Sistema de combate

Pra mim, o ponto mais chato de todo Xenoblade. Sei que muita gente elogia e acha uma maravilha (e admito que até que é bem intuitivo), mas como não sou entusiasta de RPG eu só queria um jogo que eu apertasse o B e o boneco batesse com a espadinha. Não sendo isso possível, pelo menos algumas melhorias foram feitas principalmente na HUD do jogo. Agora determinadas Arts ficam evidenciadas no momento em que vão causar mais dano. Por exemplo, ao ficar atrás de algum personagem com o Shulk o botão do Backslash fica com uma “!” avisando que é a melhor hora pra utilizar. Também indica a melhor sequência na hora dos Chain Attacks pra dar aquele break – topple – daze e causar o maior dano possível nos inimigos.

A exclamação indica o melhor momento pra utilizar o Backslash
Repare como a indicação muda conforme a movimentação do Shulk

Quinto: Theather Mode

Assim como em Xeno 2, agora é possível assistir a todas as cutscenes e heart to hearts do jogo em sequência. Nesse modo também dá pra personalizar a hora e o clima durante a cena, além do visual dos personagens. Essa última opção é bem interessante pra criar situações constrangedoras como o Shulk de sunga em alguns momentos dramáticos da história (sim, eu repeti a piada).

Shulk e o sanduíche (iche) infinito

Sexto: Modo de desafios

Agora na entrada de Gaur Plains existe um portal que leva a um outro mundo onde você encontra um sábio Nopon. Segundo ele próprio, “esse mundo parece com Bionis, mas não é”. Bom, pra quem jogou Xenoblade Chronicles 2, fica claro que é um local onde rola o modo Time attack e vários desafios. As recompensas desses desafios normalmente são Nopon Crystals, que podem ser trocados por roupas, mas no caso de Xeno 2 tem até personagens desbloqueáveis, então quem sabe não encontraremos Rex ou Elma como recompensa de algum desafio mais difícil?

Conteúdo adicional

A versão definitiva ainda conta com um novo conteúdo, “Future Connected“, contando as aventuras de Shulk e Melia após os eventos da história principal. Eu sinceramente preferia que fosse uma prequel que contasse a história de Dunban com a Monado, mais ou menos como Torna – The Golden Country fez em Xenoblade 2. Esse modo está disponível desde o início, porém com um aviso bem grande de que é recomendado que seja jogado somente após concluir o jogo normal pra não estragar a experiência.

Não quis passar dessa tela, vamos com calma.

Um retorno mais que merecido

Xenoblade Chronicles é realmente um fenômeno e merecia que a Nintendo desse atenção a ele fazendo com que mais pessoas tivessem acesso ao jogo, o que felizmente ocorreu com o lançamento desta versão. É ótimo retornar ao mundo de Shulk & Companhia e ver que tudo está ainda mais lindo com o upgrade gráfico recebido, o que junto com a trilha magnífica, uma história ímpar e um gameplay melhorado torna essa uma versão que faz jus ao termo “definitivo” que carrega no nome.

Como diz aquele ditado: Se já era bom, agora está ainda melhor, e se você não teve a oportunidade antes, essa é uma boa hora pra dar uma chance.

Fmrbass

Fã de Zelda e adepto da Nintendo desde que se conhece por gente. Fora um Atari e um Mega Drive, todos os seus outros consoles foram Nintendo. Nunca teve um Playstation ou Xbox (e nem pretende ter), já que nunca viu motivo pra isso.