Especial Dia das Crianças – Tamagotchi – O que foi aquilo, hein, década de 90!?

Eu estava na quinta série, que hoje não sei que série é, pois eu não tenho filho. Mais ou menos 1997 e muitas coisas estavam acontecendo naquele ano! Tivemos a estreia do Planeta Xuxa, que era uma bosta sem igual, juntamente com a novela Maria do Bairro, que tinha uma musica de abertura que ecoava pelos corredores escolares em forma de paródia, sendo usada em diversas situações para zoar qualquer coisa que fosse zoável. E naquela época tudo era zoável! Teve também as Chiquititas e é aqui que você diz: 

Porra Visio! Mas tu só assistia porcaria hein!?

Realmente! Eu tinha 12 anos, estava longe de ter poder sobre o controle da TV. Eu só aceitava o que estavam assistindo. Claro que eu tinha meus momentos e assistia muito desenho, assistia também aquela porcaria do Concurso de Paródias com o Moacyr Franco, além de rir muito com o Silvio Santos no Topa Tudo Por Dinheiro e também o famoso, e esse sim era bom, Sai de Baixo! Mas tirando isso tudo eu era um pré adolescente nerd. Eu era tão bosta quanto sou hoje, só que ainda mais feio e com espinhas pra completar o pacote. Foi então que minha vida, junto com de muitas outras na mesma faixa etária, mudou drasticamente! Eu conheci o tal do Tamagotchi! Caraleo! Aquilo era tecnologia! Aquilo era meu grito de liberdade! Eu era pai de uma criatura! Ok, era um bichicho virtual, mas eu não tinha sequer um cachorro pra chamar de meu e, do nada, eu ganhei um Tamagotchi! A vida começou a fazer sentido!

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Responsabilidades Que Eu Não Queria

Ganhamos dois Tamagotchi’s, eu e meu irmão Andrei. Foi uma alegria só e era muito, mas muito divertido MESMO. O brinquedo vinha em uma embalagem plástica, lacrado e tal embalagem durou o tempo que precisava durar em nossas mãos: Não mais que 5 segundos! Rasguei a embalagem como quem rasga uma foto da ex ao descobrir que “safilhadaputa quer pensão agora!?“. Peguei o Tamagotchi na mão e examinei ele cuidadosamente. Eu já sabia do que se tratava, pois filhos de pais ricos já tinham esfregado esse brinquedo na minha cara diversas vezes na escola, então, ao ganhar o meu Tamagotchi eu precisava curtir o momento. Como um fumante que, após um momento de raiva, acende seu cigarro e parece que está limpando a bunda com uma nuvem fofinha, eu também fechei os olhos. Foram segundos mágicos! Enfim eu ia mandar em alguém nessaporra de vida! 

Ao superar esse momento a vida voltou ao normal e comecei a me frustrar. Meu Tamagotchi não funcionava! MEU TAMAGOTCHI NÃO FUNCIONA, MEU DEUS! Foi quando eu ouvi um “peraí” e meu irmão removeu a parte que impedia o Tamagotchi de ligar. Era um pedaço de plástico que você tirava do aparelho e já era! Tudo certo, vamos fingir que eu não me apavorei. Foi assim que tudo começou.

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Nos primeiros dias era incrível. Ele era fofinho! Redondo, mas ao mesmo tempo quadrado. Ele sentia falta de mim e isso era tão fofo que eu me sentia mal por ele ser apenas virtual. Ele pedia comida, através de um sinal sonoro, um apito ridiculamente agudo, que me fazia largar o que eu estivesse fazendo para ir salvar a minha cria. Me sentia mãe e pai daquela criatura. Existia até um sorvete que você usava como recompensa e, cara, eu recompensava o bichinho pelo simples fato de ele estar vivo, lógico que havia um preço a se pagar por isso e em pouco tempo meu Tamagotchi estava obeso! Minha vó dizia que ele estava forte, rechonchudo, bonito! Eu ria de pena do bichano.

Lógico que eu comecei a me sentir muito envolvido com aquele mini capiroto, que me tirava o sono, apitava nas horas mais impróprias e se tornou um estorvo em poucas semanas. Era deixar ele por alguns minutos de lado e só faltava ele ligar pro conselho tutelar! Era perturbador imaginar que eu seria um péssimo pai, pois minha vontade era de enfiar sorvete pelos olhos daquela desgraça e fazer ele morrer de diabetes. Enchiam tanta a paciência que foram proibidos na escola. Se um já era chato, imagine dezenas na mesma sala de aula! Com o tempo permitiram que você levasse a criatura para a escola, mas deveria colocar no modo silencioso e foi aí que eu descobri que tinha um maldito modo silencioso! Problema resolvido. 

Ah! A Tai, minha esposa, também ganhou um Tamagotchi quando era criança, então eu pedi pra ela me ajudar com esse artigo.

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O Tamagotchi da Tai 

Quando ganhei meu primeiro Tamagotchi, (primeiro, pois fui obrigada a crescer e comprar outros) foi o evento da casa, uma felicidade imensa em ter um bichinho que faz coco pra você limpar. Ter que escolher dentre 5 qual seria o que você não deixaria morrer, era o mais difícil. Todos tão lindinhos, fofinhos, mas assim como todos os pets eles crescem…

Eles tinham mais a minha atenção do que eu mesma, aquele bip a cada 2 minutos é inesquecível, mas os olhinhos deles ao saírem dos ovos eram tão apaixonantes! Ah, e aquele sorriso largo depois de comer muito sorvete!? Era emocionante! Lembro da vez em que levei para escola, o que não era permitido, mas eu como uma ótima cuidadora, não queria deixá-lo com fome, nem com frio, muito menos sede, imagina se ficasse doente e se ele pisasse no próprio coco porque não limpei? Que tipo de pessoa eu seria? Infelizmente meu professor confiscou porque o bip não parava e ele morreu (o tamagotchi). Eles sempre morrem (nesse caso, ambos).

Finalmente, nas minhas férias escolares, eu consegui ver o resultado final, acordava de madrugada para alimentar, levava até ao banheiro para que não me impedisse no crescimento. Por fim eu vi lindas e grandes ASAS, elas deveriam ter sido colocadas em mim, porque fui um anjo cuidando dele para na morrer! Tanto esforço e tudo o que me dá são ASAS!? Sacanagem!

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Uma Febre Mundial

Se você não viveu essa fase de bichinhos virtuais você pode não entender a febre que isso foi! Era como uma doença! Todos estavam contaminados por esse modismo que, assim como chegou, foi embora de repente. Tentaram relançar e buscar reviver essa época, mas foi algo bem pontual, devido as diversas limitações tecnológicas que tínhamos na época. Hoje  em dia, com o advento dos Smartphones seria quase impossível recriar essa situação, com um aparelho dedicado a essa função, como era o caso na década de 90. Talvez o Pou tenha sido o que chegou mais perto, inclusive pode ter sim superado, da febre dos Tamagotchi‘s.

Sem falar que seu Tamagotchi hoje em dia é sua rede social! Você alimenta ela com suas postagens, acompanha o crescimento da mesma, está sempre preocupado, não consegue ficar muito tempo sem dar aquela conferida, recebe notificações, não pode usar em sala de aula e vez por outra precisa fazer uma limpeza lá também.


Você viveu nessa época? Teve seu próprio Tamagotchi? Conte-nos um pouco de como foi essa fase! Queremos rir da sua cara. =D

Visio

Criador da marca 2join, ama os games!