Review: Twin Peaks (3ª temporada – 2017)
E chegamos ao final da fantástica terceira temporada da série Twin Peaks (2017). Nada faz sentido e tudo faz sentido. Todos ficam felizes e todos se dão mal. Confira conosco, lembrando que se você não assistiu a terceira temporada de Twin Peaks e muito menos as duas primeiras (clique aqui). Esse artigo contém VÁRIOS SPOILERS, siga por sua conta e risco!
O agente Dale Cooper (Kyle MacLachlan) finalmente volta ao normal: após sua cópia maligna, com o espírito demoníaco Bob (Frank Silva), estar vivendo no mundo real de forma secreta e se passando pelo próprio Cooper fazendo diversos crimes, o verdadeiro Cooper enfim sai do Salão Negro mas não antes de viver a vida de Doug Jones, outra cópia que o Cooper-Bob criou, mas sem se lembrar de nada. Nos episódios finais podemos ver Cooper completamente ao normal partindo para Twin Peaks para confrontar o Cooper-Bob, fato que tem sucesso com a ajuda de um jovem policial chamado Freddie Sykes (Jake Wardle), que fora destinado pelo Bombeiro (Carel Struycken) (um dos habitantes do Salão Branco, como se fossem os anjos protetores das pessoas, confrontando os demônios do Salão Negro) a dar um fim em Bob.
Nessa terceira temporada descobrimos um vilão bem mais poderoso do que Bob: Judy, a “mãe” de Bob, uma entidade maligna que fora despertada no mundo através de testes nucleares durante o “experimento Trinity”, em 16 de julho de 1945. Naquele momento, a entidade demoníaca Judy desperta e têm “diversos filhos” colocando-os ao mundo para trazer destruição e maldade no meio da humanidade. Bob seria mais um desses diversos demônios que vieram de Judy.
Ao derrotar Bob, Cooper através da ajuda dos habitantes do Salão Branco, retorna ao passado em 1989 ano que ocorre os acontecimentos das duas temporadas originais, exatamente momentos antes de Laura Palmer (Sheryl Lee) ser assassinada. Ao impedir a morte de Laura com Cooper voltando ao passado, descobrimos que Laura é uma alma que foi colocada no mundo para confrontar os espíritos malignos do Salão Negro criada em 1945 também como se fosse para iniciar uma linhagem do bem. Mas Cooper ao salvar Laura em 89, cria uma nova linha temporal.
Nessa nova linha temporal, Laura Palmer não se lembra de sua outra vida e ela vive como Carrie Page. O agente Dale Cooper ao voltar para o tempo presente (2017), já que tinha se perdido de Laura em 89, encontra ela na cidade de Odessa e leva a Laura-Carrie para Twin Peaks com o intuito de lhe entregar para sua mãe e assim todos ficarem felizes…
Mas não é o que acontece: Sarah Palmer (Grace Zabriskie), mãe de Laura, não era mais ela mesma…pelo que vimos nessa terceira temporada ela parece ser o corpo no qual a entidade maligna Judy se apossou para espalhar crueldade. Temos uma cena no qual Sarah-Judy destrói o retrato de Laura, indicando assim o “sumiço” dela nessa nova realidade. A terceira temporada termina da mesma forma que a segunda terminou: com mistério, beleza, caos, sem explicação e muito do universo fantástico que o mestre David Lynch criou.
Trazendo um elenco com diversos atores, alguns veteranos das duas temporadas originais, outros novatos, e ainda algumas estrelas, cantores e bandas seja atuando ou tocando ao término de TODOS episódios, homenagem aos atores que deram vida aos personagens e faleceram após ou antes as filmagens (David Bowie é um exemplo disso sendo que seu personagem é extremamente importante na história), o diretor e produtor David Lynch brinca com seu público trazendo vastas referências a suas obras e, como de costume, trazendo referencias que a primeira vista o telespectador não consegue perceber. Lynch mostra que em pleno 2017, nem sempre uma historia televisiva-cinematográfica precisa de vários efeitos especiais e digitais: a terceira temporada de Twin Peaks lhe entrega uma ótima trilha sonora e efeitos sonoros, aqueles de você assistir em seu quarto, com as luzes apagadas e fone no ouvido (indicação do próprio Lynch). Kyle MacLachlan é outro que brilha na série com sua versatilidade sendo cômico, assustador e heroico com seus personagens.
O Homem de um Braço – Mike (Al Strobel) até pergunta: “Isso é o futuro ou o passado?” Isso não importa, o importante é você entrar nessa obra psicodélica e angustiante e torcer para que os mocinhos vençam…ou torcer para que eles não sejam uma cópia maligna de si mesmo…
A terceira temporada de Twin Peaks (Twin Peaks: The Return) foi produzida pelo canal Showtime. Aqui no Brasil foi divulgado pela Netflix. Ainda não há confirmação para uma possível quarta temporada, mas uma coisa é certa: história é que não falta e espero que não demore mais 25 anos para gravar!
Um trecho de todas temporada e do filme de 92 mostrando um pouco do mundo de Twin Peaks.