Uma Mente Pertubada

Quando eu era criança, sim isso já faz muito tempo que ocorreu, eu tinha algumas noções bem estranhas sobre certos assuntos. Não por falta de instrução, mas sim pela minha alta capacidade de viajar no mundo da imaginação e aceitar que certas coisas, por mais estranham que fossem, eram realmente possíveis. Muitos assuntos importantes já levantavam questões em minha mente infantil mesmo naquela época de pouca informação, como a origem da vida do dinheiro, que nascia no bolso do meu pai sempre que ele precisava me dar umas moedas.

Nos games, desenhos ou filmes, não era muito diferente e eu costumava criar roteiros fictícios, totalmente baseados na minha grande intuição do que realmente estava acontecendo no universo em questão, já que alguns não continham história alguma ao meu ver. É engraçado voltar e recordar esses episódios mentais, mas ao mesmo tempo assusta (assusta mesmo, se prepare!) e me faz pensar seriamente em fazer algum tipo de acompanhamento psicológico.

Mario e sua ganancia sem igual

Vou começar pegando leve. Quando eu joguei pela primeira vez Super Mario Bros no NES eu não fazia a menor ideia do que estava se passando naquele jogo. Demorou alguns minutos até entender que o cogumelo que saia dos blocos iniciais não iria matar o Mario e sim deixa-lo maior. Na minha cabeça o Mario era um cara muito ganancioso. Ele tinha que chegar até a bandeira no final da fase, mas ele desviava o caminho pra poder pegar moedas e as vezes batia com a cabeça mil vezes no mesmo bloco só pra continuar pegando moedas. O dinheiro era muito importante pra ele, mais do que a própria saúde, então comecei a encarar o Mario como uma pessoa gananciosa (ou dinheirista, termo que eu usava quando criança).

art_marioumbrellacoins-300x257

Ao chegar no primeiro combate contra o Bowser e derrotar o mesmo pra salvar um árabe (sim, o Toad parecia um árabe), eu comecei a enxergar as coisas de maneira diferente. No fim das contas não era apenas uma bandeira que o Mario precisava alcançar, ele tinha que salvar outras criaturas e isso só piorava a situação, pois aí sim ele não deveria perder tempo coletando moedas.

Tudo mudou quando salvei a princesa pela primeira vez e então eu entendi o jogo (pelo menos achava que tinha entendido). Agora Mario era um herói, as moedas eram recompensas que me ajudariam a cumprir o objetivo e eu comecei a jogar o jogo com uma pressa descomunal. Na minha mente apenas uma frase: “Com licença! Tenho que salvar a princesa.” Até hoje quando eu jogo Super Mario Bros eu tenho a mesma sensação de urgência e me vejo tentando passar as fases da maneira mais rápida possível.

Power Rangers e o Corte de Custos

Como pode, um fodendo Power Ranger, ter um fodendo Megazord e não usar ele já no começo da luta? Eles quase morriam antes de usar o desgraçado! Contenção de gastos? Corte de custos? Porra Zordon, não fode! Isso ficava na minha cabeça infantil e quando brincávamos de Power Rangers, eu sempre ficava frustrado por não poder chamar já de cara o Tiranossauro Rex e ferrar com os vilões de maneira bem mais prática.

mmpr

Depois com o tempo é claro que eu entendi que isso era necessário para que a trama fosse bem desenvolvida e tal, mas mesmo assim, até hoje, eu imagino que o Zordon não tinha dinheiro pra manter os robôs lutando desde o começo dos episódios e tenho dito!

Super-Gêmeos Inúteis

Ah não! Esses daqui eu nem precisei me esforçar muito! Mas que caraleos um tem que se transformar em balde e o outro em água pra porcaria do balde!? Desperdício de potencial! Era mais fácil se transformarem em arma e munição! Arco e flecha! Pedra e estilingue! Mulher e TPM! Homem e lista de mercado! João Paulo e Daniel! Seria bem mais agressivo, o estrago seria BEM MAIOR.

super-gemeos_f

Mesmo criança eu não conseguia concordar com isso e sempre fazia piadas com esses gêmeos, que não minha opinião, quase tomam o título de pior super herói do mundo! (Esse título é do Homem Rotatória, que tem todos os poderes do universo nele, mas ficou preso em uma rotatória, que é seu maldito ponto fraco).

TV Colosso + Orgia

Como podia, me digam, como podia a TV Colosso existir sem orgia!? Não que eu soubesse o que era uma orgia na época, mas pow, sempre que eu via um cachorro eu via DOIS cachorros! Quando não era um Megazord de Cachorros!!! Cachorro e sexo sem compromisso (ou casual ou rapidinha ou umazinha ou aproveitaquenãotemninguémolhando) estão intimamente ligados. Lógico que eu automaticamente imaginava que nos bastidores da TV Colosso esse papo de “não larga o osso” era na verdade uma piada maliciosa!

programas-infantis-dos-anos-90-13

Me desculpem se eu estraguei a infância de vocês aqui, mas caraleo, estamos falando de uma cachorrada infernal dentro de um estúdio de televisão e com ar condicionado ligado! “Ah mas são apenas bonecos e fantoches…” mas são bonecos e fantoches de cachorros transantes!!!!! É claro que esse tipo de coisa eu sempre guardei pra mim, nunca dividi com ninguém, afinal, era um assunto um tanto quanto delicado e as camisas de força da época assustavam muito mesmo. Essa imagem fala por mim:

Trabalho

Ah o sistema! Funciona, mas te ferra bonito. Mesmo sem nenhuma noção sobre o assunto eu me perguntava o motivos de meu pai deixar a gente em casa e passar tantas horas longe. Isso era muito estranho. Mesmo que ele explicasse o motivo, que era pro bem da família, minha lógica era que família precisava ficar unida e se fosse pra sair de casa pra se cansar então deveríamos sair todos juntos e ajudar. Lindo né? Até o maldito dia em que meu pai começou a me levar pro trabalho dele, numa oficina mecânica. Puta merda! Era um saco!

Não que o trabalho fosse ruim (era ruim), mas era mais chato estar ali entre adultos, escutando coisas de adultos e cair em pegadinhas ridículas, mas que os adultos falavam de um jeito que conseguiam te enganar. Coisas do tipo:

“Tu é pai de quem?”

Eu respondia: “Dele” – apontando pro meu pai.

Todos começavam a rir e só no final do dia eu conseguia entender essa caralea! Parece besteira né? Mas olha o que esses filhusdaspultas aprontavam comigo vez ou outra:

Teve uma vez que eu fui com uma sacola plástica buscar um pouco de “ar comprimido” em uma outra oficina mecânica em que meu tio, irmão do meu pai, trabalhava. Fui de bicicleta, rodei uns bons 5km, pra chegar lá e ver meu tio me esperando com a mangueira de ar em mãos. Ele já sabia de tudo. Fiquei até aliviado por não precisar explicar o que era “ar comprimido” já que eu não fazia a menor ideia do que se tratava. Meu tio pegou a maldita mangueira, colocou dentro da sacola plástica, encheu de ar, amarrou bem forte e me entregou dizendo: “Vai logo antes que o ar escape!

c57a0ece03b292cc52762d7ed728c085

A cara que meu tio fez me deu certeza de que a missão era realmente séria! Não poderia falhar. Segurei aquela sacola como quem segura a coleira de um Pinscher ao encontrar um Pit Bull solto na vizinhança, subi na bicicleta e pedalei sem parar até chegar na oficina do meu pai. Não preciso nem dizer que meu pai já me esperava rolando de rir no chão, mas o engraçado é que mesmo assim eu não desconfiei. Até que entreguei a sacola e vi meu pai abrindo ela sem cuidado algum, enquanto eu segurava o grito de “não porra! vai escapar o ar comprimido caraleo!!!“. 

Além do normal

Pode ser que minha mente trabalhasse de uma forma errada que vai além do anormal, do limite do besteirol, mas pode ser que mais pessoas também passem por isso. Você já teve algum pensamento infame ou depois de adulto conseguiu enxergar algo muito ridículo que gostava na infância? Compartilhem com a gente esse pensamento, quero saber se tem mais gente retardada nesse mundo ou se devo mesmo procurar ajuda enquanto ainda há tempo.

Visio

Criador da marca 2join, ama os games!