REVIEW DE LIGA DA JUSTIÇA – SEM SPOILERS
E não é que a DC parece ter aprendido com os erros de Batman vs Superman?!
Então, filme da DC sempre dá o que falar, né? Acredito que nesse também, porém em menor escala. Creio que as controvérsias virão daqueles que gostaram de Batman vs Superman, por justamente o filme ter dado uma guinada considerável em seu tom. Não tiro a razão destas pessoas, pois realmente as mudanças ocorreram. Mas, na minha opinião, mudaram pra melhor. Saca só o porquê.
Um dos vários erros que BvS cometeu foi deixar o filme carregado demais com peso dramático. Tudo era muito pesado, personagens atormentados, conflitos internos, até a projeção carregava esse peso com o tom de tela sempre escurecido. Isso é ruim? Não, se feito da forma correta. Em Liga da Justiça a pegada é bem diferente. Existem sim questões filosóficas e personagens que foram desconstruídos. Estes porém, tem seu espaço certo no filme, que sabe separar de forma genial entre um primeiro ato um pouco mais pesado (onde as cenas descritas ocorrem) e um segundo e terceiro atos mais leves, quando o filme passa a ter a Liga da Justiça completa (até agora).
Essa mudança de tom reflete até nas cores que o longa carrega. Existe sim ainda uma paleta um pouco escura, mas nada comparado a BvS. Em Liga, além de várias das cenas se passarem de dia, o contraste entre as diferentes cores, especialmente dos uniformes dos nossos heróis, é bem mais evidenciado, tornado a diferença entre eles mais visível, além de claro, ser mais palpável os olhos.
Uma das reclamações que mais vi em Liga da Justiça, foi que o filme deu uma “marvelizada”, deixando-o com o tom mais leve, com piadas o tempo todo. Well, I respectfully disagree. Durante todo o tempo de projeção, em nenhum momento eu senti um filme feito pela Marvel, tampouco recheado de piadas. É um filme genuinamente da DC, só que com mudanças, favorecendo aspectos que não funcionaram em BvS. O filme tem piada? Tem sim, com certeza. É o tempo todo como falam? Não! As piadas demoram a acontecer. Elas só entram em cena mesmo quando o personagem do Flash (Elza Miller) entra para a equipe. Até boa parte da projeção (diria que todo o primeiro ato até a primeira parte do segundo ato) quase não há piadas e humor, o filme é um pouco mais denso, por tratar dos heróis ainda lidando sozinhos com seus problemas. O humor vem depois, com a união e interação dos mesmos.
Falando em personagens, vamos lá. Como já devem ter adivinhado pelo parágrafo anterior, Flash é o alívio cômico do filme. O ator encara muito bem o personagem, roubando as cenas em que aparece. O cara é hilário, me fez rir em diversos momentos. Mas não só isso, as cenas de ação com ele são enlouquecedoras. Pensei que, depois que vi e fiquei maravilhado com a forma com que a Fox soube mostrar os poderes do Mercúrio, não iriam conseguir mostrar um efeito legal de alta velocidade para o Flash. Mas não é que eles conseguiram? Os efeitos das cenas de velocidade dele são simplesmente sensacionais.
O Batman (Ben Affleck) sofreu algumas mudanças com relação a BvS. Certamente será uma crítica negativa aos olhos dos que gostaram do approach dele no filme anterior. Aqui, muito embora ele tenha ainda problemas internos, inclusive com a morte do Superman, o personagem foi mais suavizado. Isso é ruim? De forma alguma. O filme nos diz que ele ainda lida com seus demônios internos, mas ele não fica nos lembrando O TEMPO TODO disso, fazendo com que uma nuvem de chuva paire sobre os espectadores. Chega disso, bora criar um Batman mais leve. Foi justamente isso que criaram. Algumas críticas falam que ele está muito piadista no filme, que destoa do personagem, que o Affleck não é humorista, então não caiu bem. Bom, o Batman e o Ben Affleck não são humoristas, por isso que quando ele solta uma piada, é engraçado, justamente por não esperarmos isso dele. E na boa, ele tem umas 2 cenas mais engraçadinhas no filme. SÓ! Pessoal exagera um pouco.
Mulher-Maravilha (Gal Gadot) continua maravilhosa (haaahaaa). Sério, muito embora eu consiga ver as limitações de atriz na Gadot, ela manda MUITO bem como a amazona. Desde BvS, onde foi uma das melhores coisas daquele filme, até o excelente filme solo dela neste ano, em Liga ela permanece a mesma, e isso é bom. Continua gata, mostrando imponência, força e garra, ao mesmo passo que mostra leveza, pureza e feminilidade. Ela é o coração do filme, principalmente em alguns momentos em que interage com Bruce Wayne sobre o que é certo e errado com relação a decisões a serem tomadas. Minha única e pequena birra com a personagem, é que ela deveria ser um pouco (pouquinho) mais maromba, né? Tipo Superman, pra mostrar da onde sai toda aquela força.
O Cyborgue (Ray Fisher) me surpreendeu bastante. Achei que ia ser um personagem meio meh, mas que nada. O drama mostrado com ele no primeiro ato, na excelente primeira cena com seu pai, é essencial para dar profundidade ao personagem. Ele é a figura carrancuda do filme. Também pudera né, com tudo que aconteceu com ele para ter virado meio homem, meio máquina. É interessante ver o processo de transformação do personagem quando este passa a integrar a Liga.
O Aquaman (Jason Momoa) é o personagem que menos me interessou.Personagem pouco desenvolvido, pra mim continua sendo o Jason Momoa interpretando Aquaman, não me passando veracidade com relação ao personagem. Achei meio esquisita a cena de ação com ele debaixo da água. Concordo que deve ser dificílimo produzir esses tipos de cenas, mas ficou artificial demais pra mim. E tem um detalhe que me deixou com um tremendo WTF?! na cabeça, que é a forma de comunicação debaixo da água entre os atlantis.
Temos Superman (Henry Cavill) no filme. Cara, se você acha que isso é spoiler, é porque você é muito inocente, né? Com todo o marketing que estão fazendo no filme COM O SUPERMAN, o nome dele no elenco e a presença de Cavill nas junkets, já é de se esperar que ele esteja no filme. MAS CALMA, não vou revelar NADA AQUI, fica susse. Só vou falar que ele aparece, e é foda! Cavill está cada vez melhor (e MAIOR – pqp o cara tá gigante na maromba) como o homem de aço. O Superman desse filme me lembrou muito o personagem clássico. Vocês verão o porquê quando assistirem. Lembra que eu falei que a paleta de cores não está tão escura quanto de BvS e que as cores contrastam mais? Então, uma das minhas reclamações com Homem de Aço e BvS é que as cores fortes do uniforme, do azul com o vermelho, sofriam muito com a paleta escura, pois ficavam apagadas. Lembrando que as cores do uniforme do Superman sempre foram um dos fatores que mais chamavam atenção para o personagem. Aqui, é muito legal de ver o uniforme AZUL VIVO com o símbolo VERMELHO VIVO. Agora está bem melhor, causando até certa estranheza (no bom sentido) quando o vemos pela primeira vez de uniforme no filme. E sim, o Superman é um dos pontos altos do longa. E sim, ele está estranho em algumas cenas, com aquele bafafá do bigodão que ele não pôde retirar por causa das filmagens de Missão Impossível 6, forçando o pessoal a criar digitalmente a parte inferior do rosto dele. É…!
Bom, falei de todo mundo. Muito bem, legal, show de bola. Mas e em conjunto, eles funcionam? Não adianta nada ter personagens legais se a química entre eles não rola. Cara, te digo uma coisa. ROLA, mas ROLA BONITO. É muito bacana ver todos juntos, seja conversando ou lutando. A relação entre TODOS, SEM EXCEÇÃO, é ÓTIMA. Destaco aqui a relação entre Flash e Cyborgue que ficou bem bacana. Não é lá uma relação muito bem desenvolvida, mas a sutileza entre pequenos gestos entre eles, já dá o efeito desejado. Ufa, que bom né? Se não tivesse química, o filme teria caído por terra, com toda a certeza.
Uma outra reclamação que eu vi foi que o 1º ato do filme é corrido, com uma montagem mal feita e muito pressa na apresentação dos personagens. Sabe que isso não me saltou aos olhos? Claro, estava na cabeça que o filme tem apenas 2 horas de duração que foram impostas pelo estúdio. Sim, o filme seria bem maior, mas o estúdio só permitiu 2 horas para a versão de cinema, e só (Quero muito comprar a versão estendida do filme em blu-ray). Amigos, digo-lhes que, para 2 horas apenas, apresentar os personagens separados, apresentar a ameaça do filme, unir os personagens e fazê-los funcionar, é louvável. Nesse sentido, não achei nem um pouco apressada a introdução dos personagens e a montagem no primeiro ato entre eles pareceu bem fluida e orgânica. Montagem mal feita de apresentação de personagens pra mim, é aquela bomba que foi Esquadrão Suicida.
Mas espera. Sim, o filme tem o lado fraco, que é o vilão, Lobo da Estepe (Ciarán Hinds). Galera, o vilão é tipo, qualquer coisa. A única coisa boa nesse vilão é que este faz desenrolar ótimas cenas de ação e é o principal motivo da união da Liga da Justiça. Só. Personagem fraco narrativamente, nada desenvolvido e feito por computação gráfica que chega a DOER de olhar. Quer um vilão com aparência realista? Porra, coloca uma maquiagem bem feita no ator, que é excelente, diga-se de passagem. Se for fazer digital, faz igual estão fazendo com o Thanos, que está foda demais, visualmente. Enfim, ficou bem merda mesmo.
A trilha sonora do filme é meio decepcionante. Acho Danny Elfman um compositor fantástico (como não esquecer a fantástica, perfeita e memorável trilha da trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi?). Mas, em Liga, a trilha é meio genérica. Existe sim a presença da trilha clássica de Batman e Superman, que é uma pegada excelente. Porém é tocada 1 vez para cada 1, durante uns 5 segundos, no máximo. Não é suficiente para sustentar o filme, infelizmente.
O que tenho para deixar de mensagem é que este filme tinha tudo para dar errado, como o legado ruim deixado por BvS e a saída do diretor Zack Snyder, infelizmente por motivos pessoais, culminando na entrada de Joss Whedon que, além do roteiro, continuou a direção, fazendo o longa passar por diversos processos de refilmagem. Sentiu como tinha tudo para dar uma tremenda cagada? MAS NADA DISSO atrapalhou a qualidade do filme, que está excelente. O tom que Snyder empregou no filme casou bem, na minha opinião, com o tom mais irreverente, introduzido por Whedon.
Pra mim é um filme muito coeso, com um primeiro ato mais denso, mas que vai se abrindo para uma boa e divertida aventura quando os heróis se unem em prol de salvar a Terra. Tudo isso, unido a um clima mais descontraído, com excelentes cenas de ação e um visual muito bonito, com nossos heróis fazendo as clássicas poses de super-heróis para a tela, fazem com que a Liga da Justiça estabeleça de vez um universo forte e promissor da DC. Afinal, foi por tudo isso que eu passei a amar super-heróis quando criança. Amor que perdura até hoje.
Já que os filmes de super-heróis de 2017 acabaram, segue meu rank desse ano:
- Logan;
- Thor Ragnarok;
- Liga da Justiça;
- Guardiões da Galáxia: Volume 2;
- Homem-Aranha: De Volta ao Lar;
- Mulher-Maravilha
Mulher-Maravilha ficou em último lugar, sendo que é um PUTA DE UM EXCELENTE FILME. Isso já diz muito da qualidade dos longas de heróis que tivemos nesse ano.
Mas e aí, diga abaixo nos comentários o que você achou de Liga da Justiça e faça seu rank de melhores filmes de super-herói do ano.