Medo – O Dia em Que a Cueca Pesou!
Sou medroso. Ponto. Poderia terminar o artigo inteiro aqui. Cagão mesmo. É medo demais. Fim. E vá se ferrar! Eu gosto de jogos de terror, mas ao mesmo tempo eu não gosto. De vez em quando, num período de loucura temporária, eu compro um jogo de terror e me permito jogar. Faço tudo de acordo: Faço o número 2 antes de jogar, coloco o game, apago as luzes e fone de ouvido no máximo. Minutos depois já me bate o primeiro arrependimento, seguido de pelo menos mais 10 arrependimentos, até eu realmente iniciar o jogo. Aí esse número se multiplica por 1000! Eu me pergunto quem foi o desgraçado que pensou que alguém gostaria de ser assustado?
Toda vez que eu me assusto meu coração dispara de um jeito anormal, me trazendo a data do meu ultimo eletrocardiograma na memória instantaneamente, junto com um sentimento de culpa que só existe em alguém que sabe que deveria se cuidar bem mais. Isso me faz evitar situações onde eu possa levar um susto. É meia noite e eu acordo com um barulho do lado de fora de casa. A primeira coisa que eu penso é: “Tranquei a porra da porta?” Dependendo da resposta eu tomo uma atitude diferente:
- “Sim, você trancou a porra da porta! Aeeee caraleo!” – Eu viro pro lado, escapa um sorriso e volto a dormir;
- “Não, a porta está destrancada” –> Dá tempo de trancar a porta do quarto? Caso sim, tranco a porta do quarto e volto a dormir;
–> Ferrou! Não dá tempo de trancar a porta do quarto. – Infarto e fim de jogo.
Eu não vejo motivos para eu sair do quarto e enfrentar quem quer que seja. Primeiro pelo fato de que se for alguém, esse filho da puta é muito mais corajoso que eu, já está comprovado isso só no fato de ele estar na casa de um desconhecido, meia noite, sem conhecer a minha mobilia, correndo o risco de bater o dedo mindinho do pé na quina do sofá. Segundo pelo fato de que eu mal conheço minha mobilia e já bati mil vezes meu dedo mindinho na porra da quina do sofá, que se foda o ladrão, a casa sabe se proteger sozinha!
Mas qual a ligação disso com os jogos de terror? Simples! Se eu joguei um jogo de terror antes de tudo isso acontecer, então o infarto já me alcança na primeira etapa, quando ouço um barulho do lado de fora de casa. Eu não preciso disso. Não mesmo.
Resident Evil 7
Tudo bem, eu sabia que era pra ser um jogo de terror, mas não precisavam exagerar né? Ainda tem noites que eu demoro pra dormir quando lembro daquele desgraçado que aparecia na Demo que gritava “Welcome to the family, son” quando a partida terminava. Aliás esse é um bom nome hein!? Familyson. Fat Familyson. Voltando ao assunto, o desgraçado aí aparecia em locais diferentes, momentos diferentes, não tem treinamento militar que te prepare para uma situação dessas e eu fui dispensado do exército. O fone de ouvido se transforma num portal sonoro do inferno! Arrepia até os cabelos da cabeça do Vin Diesel, que agora está quase R$ 0,50 mais barato, graças aos caminhoneiros.
Fui teimoso e joguei diversas vezes esse game e posso dizer que não vale a pena. O jogo é ruim? Não e é justamente por isso que não vale a pena! É um puta de um jogo de terror, vai te assustar mais do que a fatura do cartão de crédito, mas falando só em custo x benefício, vamos pensar: O valor do jogo é R$ 109,18. Mas qual a porra do benefício? Zero! Nenhum! Você paga pra sofrer, ô desgraça!
“Ah Visio, que exagero!” Exagero nada! O jogo foi feito pra te assustar e você, que é tão idiota quanto eu, compra pra se assustar, mas sabe que não aguenta. Eu sei que você sabe. Admita. Você está no time daqueles que tinham medo do Boneco do Fofão. Nossa! Que meu site não seja invadido pelo capiroto por citar esse boneco desgraçado do Fofão. Quero ver quem viveu na década de 90 mostrar que é corajoso mesmo! Vou lançar um desafio aqui:
Você que viveu na década de 90 e quer provar sua coragem, que eu sei que você não possui, precisa gravar a porra de um vídeo onde você está, meia noite, em frente ao espelho do banheiro, uma vela na mão iluminando o local, ouvindo Ilariê da Xuxa, no reverse (ao contrário, sua mula), segurando na outra mãp um boneco do Fofão e precisa invocar a Maria Sangrenta em frente ao espelho!
Duvido! Ninguém consegue. É impossível! Só de pensar já senti um peso na cueca…
Medo do Desconhecido
Dizem que o medo ocorre quando não entendemos uma situação. Eu concordo. Só que estou no time daqueles que nem querem entender, nem conhecer, quero mais é que se foda e que fique bem longe de mim seja lá o que for. O medo é muito útil como dispositivo de proteção, mas também nos faz passar uma vergonha tremenda. Uma vez, eu estava brincando de esconde esconde com uma galera de amigos e, por azar incrível, fui o primeiro a contar. Eu que deveria procurar o pessoal.
Na vida a gente aprende, evolui e as vezes, o que parece ser uma cagada, é uma lição de vida na sua forma fecal.
Pra descrever um pouco o lugar, estávamos numa rua sem saída, de asfalto, com duas construções de pelo menos 3 andares cada uma onde era possível se esconder. Além disso havia um matagal, quase uma floresta, mas bem fechada, que continha um caminho, uma trilha, por onde nos esgueirávamos toda vez que queríamos entrar em uma das construções pra brincar de policia e ladrão. Todo mundo se escondeu e eu terminei de contar.
Eu estava morrendo de medo. Era muito medo mesmo. Medo do que? Eu sei lá! Era medo. Medo de algo. Só isso. Mas era intenso. Fui até a entrada de uma das construções e olhei de fora. Não vi ninguém. O medo aumentou. Fui até a entrada da trilha, em direção ao mato e um amigo meu, que vou dar o nome de Flavio de Pin, bateu nas minhas costas. Quando o FdP encostou em mim o meu organismo me surpreendeu de um jeito que fazia muito tempo que não ocorria. O coração disparou e enviou uma mensagem para o cérebro que percebeu que eu deveria correr. O que ele fez? Liberou peso. Mais leve eu correria mais rápido, certo? Concordo. Mas me cagar na calça não era a melhor opção que tínhamos no momento, porém foi a solução encontrada pelo meu corpo e eu literalmente enchi a cueca de carga excessiva. Caguei como se não houvesse amanhã. Caguei a roupa inteira.
O FdP não percebeu o que aconteceu, mas eu fiquei ali, travado, admirando minha sorte ou a falta dela, imaginando como me livrar dessa situação sem dar maior alarde. O medo já havia me abandonado, talvez junto com a bosta, mas entrei no mato, escorreguei intencionalmente no chão, gritei de dor e fui embora cagado.
Pretendo nunca mais jogar jogos de terror, nem brincar de esconde esconde sem antes ir no banheiro. Na vida a gente aprende, evolui e as vezes, o que parece ser uma cagada, é uma lição de vida na sua forma fecal. Vivendo e aprendendo.