[Critica] Resident Evil: Vendetta

Meu primeiro contato com a serie Resident Evil aconteceu quando eu era bem novo, lá por 2000, 2001. Lembro me de estar no meu quarto jogando Smurfs do SNES enquanto meu irmão e meu primo, dono do SNES, foram para a sala jogar Playstation. Eu era uma criança na época, então não estava muito interessado em vê-los jogar, mesmo que fosse um PS1. Lembro que, toda vez que eu saia do quarto para ver o que eles estavam jogando, eles trocavam de jogo. Eles não queriam que eu visse o jogo que jogavam, não por egoísmo ou besteira, mas por que eles entendiam que o jogo não era feito para crianças da minha idade. Isso, é lógico, despertou em mim a curiosidade de ver que raios de jogo era aquele.
Meu pai também jogava videogame, e ele gostava particularmente de Resident Evil, que era o jogo meu irmão escondia de mim. A noite, depois da janta, ele jogava e a gente acompanhava ele, dando dicas, levando sustos, ajudando no que fosse possível. Como não tínhamos memory card, a cada vez era necessário recomeçar o game do início. Eu já “sabia” (no mais puro embromation) todas as falas do jogo, a linha de puzzles que se seguia e os sustos da parte inicial do game. Lembro me que o mais longe que chegávamos era até a Cobra Gigante, e lá normalmente morríamos, sem saco pra começar do início. Eram ótimos tempos.

Eu morria de medo dee game (ainda tenho medo)

Depois disso, joguei o 2, também sem pretensão de zerar, pela falta do memory card, e o 3 em japonês, assim que lançou pra PS1. Só fui zerar Resident Evil quando tive meu N64 e com ele, o segundo jogo da serie. Hoje em dia, só não zerei o RE0, o Code Veronica (por não ter onde jogar) e o 6 (por não ter saco). Mas todos os outros eu zerei. Aim, Outbreak, 1, 2, 3, 4, 5 Remake, Survivor, Revelation, o de Gameboy; todos os que tive oportunidade de jogar eu zerei, muitos eu zerei várias vezes. Ou seja, posso me considerar um fã da franquia.
Assisti a todos filmes do Paul W. S. Anderson, as duas animações anteriores, Damnation e Degeneration, e me lembro de ter gostado bastante da primeira (de 2008) e não tanto da segunda (2012). Agora, em 2017, foi lançada mais uma animação da série: Resident Evil: Vendetta. animação esta que eu assisti ontem e resolvi tirar meu tempo pra dar minha humilde opinião.

                                                             Vendetta Nunca é Plena

A animação começa de uma maneira bem nostálgica: acompanhamos Chris Redfield em uma missão de campo com um time que tem o objetivo de resgatar dois reféns. Essa missão os leva a Mansão Spencer, nas montanhas Arklay, onde ocorrem os eventos de Resident Evil 1. O cenário é muito nostálgico e ver o Chris de novo naquele lugar me encheu de empolgação, e nisso o filme acerta algumas vezes. Ele é cheio de easter eggs e referências que os fãs mais ávidos vão conseguir sacar e até se divertir, mas a diversão para por aí. Resident Evil: Vendetta peca em muitos pontos importantes não apenas para filmes em animação, mas para filmes em geral.

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Algo que me incomodou muito durante o filme foi o que eu gosto de chamar de “os zumbis de Schrödinger”, que hora correm como se em Guerra Mundial Z, hora se arrastam como em A Noite dos Mortos Vivos. E você pode se valer do fato que alguns zumbis realmente são mais lentos que os outros, mas não: o mesmo zumbi que a segundos atrás corria igual a um filha da puta, agora se arrasta na velocidade de um cão coçando a bunda no asfalto, tudo pelo bem da narrativa, nada consistente ou plausível (a menos que fosse um zumbi com transtorno bipolar que afetasse apenas a parte que lhe dá vontade de correr, mas isso não é explicado no filme). Fora o fato de que ninguém parece conhecer os zumbis no universo do filme. Os caras tiveram que apagar uma cidade do mapa com uma bomba atômica por causa dos zumbis! É normal que alguns civis não saibam deles, ou não se importem, mas a força tarefa do começo do filme abaixa a guarda contra uma criança que está obviamente possuída pelo ritmo ragatanga. Vocês querem mesmo que eu engula isso?
Outra questão é que me incomodou é que os personagens principais são tratados  como super-humanos em certas ocasiões. Eles sobrevivem a ataque que os outros não sobreviveriam, saem vivos de situações onde os outros morreram, desviam de tiros a queima roupa, voam metros e metros e quando caem não se machucam nem um pouco, fazendo com que o roteiro seja bem inconsistente. Não fica só nisso, é lógico, mas qualquer coisa além seria spoiler, então assista ao filme que você vai entender.
Você pode achar isso tudo muito ódio bobo, e dizer que eu estou sendo chato, mas situações como essa requerem uma suspensão de descrédito gigante pra minha pessoa. É como se você tivesse um vilão de um filme que nunca errasse um tiro – e isso fosse estabelecido no filme – e nas batalhas contra o mocinho, ele não acertasse uma mísera bala. Sabemos que se o mocinho morrer o filme acaba, mas será que os roteiristas não conseguem pensar em uma solução melhor e mais plausível? Fica ai a dúvida.

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Mas o que mais me tirou da imersão do filme foi o fenômeno do vale da estranheza. A animação peca em muitos pontos, parecendo artificial e até mal feita em alguns momentos, o que acabava me distraindo do que acontecia na tela. O filme é um longa-metragem, o estúdio não tem a “desculpa da pressa” por ter que lançar um episódio por semana, como se o prazo não lhes desse tempo pra melhorar e polir a animação. Vocês vão notar isso na movimentação artificial dos personagens, nas poses deles, em como tem momentos em que eles “atuam mal”, mas principalmente na boca e nos cabelos. Não vou lhes dizer que era totalmente ruim, tem momentos em que realmente ela encanta, principalmente no cenário e em uma cena no corredor, no fim do filme (que é uma cena muita foda), mas tem alguns sorrisos do filme que ficaram tão bizarros que tenho certeza que vão me assombrar pro resto da vida.

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MINHA EXPRESSÃO DURANTE O FILME ERA BEM PARECIDA COM ISSO

Você pode estar achando a essa altura que eu odiei o filme, mas não é verdade. Ele me trouxe muita nostalgia, e muito conteúdo que o espectador que for fã da série vai adorar. Mas nenhum filme vive só de service, e todo o resto do filme é bem mediano.

                                                         Conclusão:

Resident Evil: Vendetta acaba sendo um filme medíocre, e mais parece um fan film do que material oficial. Personagens com motivações bobas, problemas com a animação e roteiro inconsistente e extremamente genérico e previsível são erros muito grosseiros para se deixar passar, e atrapalham o desenvolvimento do filme, até de um universo cinematográfico, se for isso que eles estiverem buscando. Vale assistir se você for muito fã, e talvez você goste. Se você não for fã, tem muito material de zumbi que é bem melhor ou você pode jogar um dos games que seu tempo será melhor empregado.

NOTA: 5/10

Lexmf

Games sempre foram minha paixão. Quadrinhos são um amor antigo. Cinemas são uma nova amizade, porém verdadeira. Filho, tio, irmão, cunhado e namorado, minha vida se define em 4 letras: Nerd!