[Crítica] Netflix’s Castlevania
Assim que saiu o trailer da série que a Netflix estava fazendo de Castlevania, meu hype foi nas alturas. Os caras usaram um NES no trailer, alguém jogando Castlevania e isso me fez ter fé que nessa adaptação eles respeitariam o material original e fariam algo que os fãs teriam orgulho de assistir. Eu sempre curti a série, apesar de achar os jogos difíceis até demais, mas acho que isso já é parte da mitologia dessa franquia. A trilha sonora dos games (que ouço enquanto escrevo essa resenha) sempre foi muito feita, pelo menos até onde consigo lembrar. Mas a questão é: será que a série da Netflix fez jus ao Legado dos Belmont?
Animação Vs Material Original
Como a intenção principal de uma obra que já tem uma base de fã estável deve ser a de atrair esses fãs fervorosos, quanto mais service melhor, certo? A questão é, que tendo service ou não, a animação teria que ser boa o suficiente para trazer mais espectadores para esse universo de uma forma satisfatória, sem se apoiar no fato de que a pessoa deveria conhecer o material original para poder se divertir, estamos de acordo? Um filme/serie/jogo bom, adaptado de um material original, não precisa ser igual ao material original para ser bom. Temos o exemplo de Warcraft, que foi um filme feito para os fãs, que só lhe entregaria uma experiência completa se você entendesse o mínimo que fosse de Warcraft e seus personagens, e ele não foi tão bem assim justamente por isso. Do outro lado, temos O Iluminado, de Stanley Kubrik, baseado no livro homônimo de Stephen King, que é aclamado como um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, mas que já foi exaustivamente criticado pelo próprio autor do livro por ser diferente demais da obra original. Nesse quesito, creio que com Castlevania eles acertaram bem em cheio.
Nessa serie, Trevor Belmont é um andarilho renegado, que sofre pelo fato de seu sobrenome causar repulsa nas pessoas. Os Belmont já foram uma família muito poderosa, até que não havia mais serventia para eles no reino, e eles foram excomungados e expulsos pela igreja e pelos moradores do reino. Mas, após a volta de Drácula, ele se vê em um dilema, de voltar a ser um Belmont, matador de vampiros e criaturas do mal, ou deixar o povo que causou a ruína de sua família sentir o gosto amargo da sua própria decisão. Esse dilema é muito bem usado no filme, fazendo com que Trevor não seja aquele ideal de herói, justo, digno, merecedor de honras e glória. Na verdade, ele está mais para um anti herói do que para um herói. E eu adorei isso. Desconheço qualquer menção à personalidade de Trevor Belmont nos games, até por que originalmente ele aparece em um jogo de NES, sem muito desenvolvimento. Quando ele reaparece, dessa vez em Mirror of Fate (3DS), a historia é recontada de uma maneira um pouco diferente do original. Só sei que ele, como personagem principal da serie, é extremamente satisfatório.
Esse cara pisca e você fica solteiro!
Vários outros elementos dos jogos estão na série: As criaturas, o chicote (que na época do game, não era bem um chicote. Era mais uma corrente com uma bola de espinhos na ponta), os personagens (com origens bem fiéis às originais); tem até um momento no primeiro episódio, que ele tem que atravessar um rio, e aquilo me lembrou muito o elemento de plataforma do game. Creio que a serie vai agradar muito a quem é fã, mas como foi dito anteriormente, ela tem que ir além.
Como serie, sem usar o nome Castlevania, ela é bem boa. São ótimas cenas de ação, um plot bem amarradinho e tudo faz sentido dentro do universo proposto na serie. Os personagens são bem construídos (ou pelo menos suficientemente construídos, já que a serie tem apenas 4 episódios até o momento), as motivações fazem sentido e os diálogos são bem interessantes, ajudam a desenvolver os personagens e mover a trama pra frente. A animação em si é muito linda, com um visual e uma ambientação nota 10. A serie não tem soluções simples e nem forçadas, tudo é bem desenvolvido e agradável de ver. Ela é uma serie adulta, com muita violência explicita e sangue, já que os fãs que jogaram provavelmente são todos adultos, então cuide com as crianças à sua volta quando for assistir. Mas, fica a dica: ASSISTAM HOJE!
Veredito
Em suma, a serie é um show a parte, e durante os pouco mais de 80 minutos em que assisti, foram muitos momentos de “caraca, que foda” e “Oh meu caraaaaai”. Foi muito divertido, e a única coisa que eu tenho a reclamar dela é: “CACETA, NETFLIX, SÓ 4 EPISÓDIOS?” A parte boa é que já foi confirmada uma segunda temporada, com o dobro de episódios pela própria Netflix. É só esperar pra ver como essa historia vai terminar, e se a serie vai conseguir manter o nível. Eu espero que sim, quem sabe não vire tendência? Quem sabe a Konami não veja ai uma oportunidade e tenhamos uma serie de Metal Gear? Bom, não me custa nada sonhar…
Nota? 8.5