CRASH BANDICOOT – Raposa disfarçada de Marsupial
(Adendo: Este artigo foi concebido muito antes de anunciarem o remake do Crash Bandicoot para o Playstation 4. Tenham isso em mente e boa leitura).
Se nos idos de 98 você já jogava videogames, meu amigo, certamente deve ter esbarrado em Crash Bandicoot para o Playstation original. Por qual motivo então você estaria lendo esse post se não fosse pela nostalgia da coisa? Caso não conhecia, mas ficou interessado, continue lendo aí que verás uma obra-prima feita para o console da Sony no final dos anos 90.
O game de cara já te coloca na pele de uma raposa. SIM, RAPOSA, por mais que digam hoje que é um marsupial, durante toda minha infância eu acreditava ser uma raposa e é essa imagem que fica na minha cabeça. Nem me vem tentar corrigir porque se não fosse “as internetes”, você também não saberia, então deixa de mimimi.
Então, voltando pro game, a doideira já começa na primeira cutscene onde um cientista maluco, Doutor Córtex, e um assistente, que parece que foram dublados pela mesma pessoa e nem se deram o trabalho de mudar o tom da voz, pegam a….RAPOSA hehehe… e colocam numa máquina maluca para transforma-lo em um general do mal e comandar o universo a mando do Córtex. Sim, plot maluca e infantil.
Mas dai o jogo começa e você, na pele de Crash, tendo que passar por todas as aventures das ilhas que o aguardam, vê um jogo muito lindo regado a uma trilha sonora nada menos que memorável. É paixão a primeira vista. AINDA MAIS quando o protagonista é um “zoeiro” de primeira. E você percebe isso antes de iniciar a primeira fase, onde Crash, com uma piscadela safada pro jogador, já metendo pé na cara e quebrando a quarta parede, quer te dizer: “Brother, senta e relaxa que iremos zoar muito nessa aventura”.
Se liga no Nathan Drake de Uncharted que hoje ganha muito pelo seu carisma? Então, a Naughty Dog, responsável pelo jogo do Crash, também é a desenvolvedora da franquia Uncharted. Qualquer semelhança entre o caráter dos personagens NÃO é mera coincidência.
E maninho, que jogo mais lindo. Claro, você vai ter que fazer um exercício mental de se projetar novamente naquela época e aceitar os gráficos que eram produzidos até então. Mesmo assim, o game é um colírio para os olhos. NOVAMENTE, vemos que a Naughty Dog já não descansava em serviço desde aquela época. Se hoje os jogos desenvolvidos pela empresa são os mais lindos visualmente, isso é fruto de um legado que ela traz lá dos anos 90.
Um dos motivos do jogo ter envelhecido tão bem é o fato do game não se preocupar em tentar recriar personagens reais. Ao invés disso, ele mergulha fundo no cartunesco e no exagerado. Ao contrário disso, olha só essa Lara aí embaixo do primeiro jogo do Tomb Raider:
Os punheteiros de plantão daquela época (me incluo nesse meio) tinham que ter uma baita imaginação pra ver aqueles cones geométricos e imaginar um corpo escultural. Realmente, quando a puberdade bate, a gente faz tirar leite de pedra, com o perdão do trocadilho.
Pois bem, caros leitores, aliados a personagens totalmente fictícios e lúdicos, o game ainda resolve brincar com a saturação e o contraste das cores em tela, deixando tudo muito colorido e bonito, até para os padrões de hoje. Manja só essa foto e diz pra mim que não é bonito. Atreva-se, se puder:
MANO, A NAUGHTY DOG É BEM ESPERTA, pois quando falamos do primeiro Crash Bandicoot, estamos falando de um época de TRANSIÇÃO entre o 2D e o 3D. A ND, querendo inovar, mas ainda com aquele sentimento humilde (#humildão), resolve criar o jogo 100% em 3D (personagens e cenários), mas deixa linear o traçado do personagem através de caminhos pré-estabelecidos pelo cenário. Assim, temos uma inovação pra época, mas ainda jogando em terreno seguro, com jogabilidade em 2D. Sacaram a malícia? Inova mas joga no seguro. Essa é a chave pro sucesso.
COMO NADA SE CRIA, TUDO SE COP….TUDO SE TRANSFORMA, a ND também deu umas pitadinhas de vários sucessos no mundo games para compor seu próprio jogo. Da onde você acha que eles tiraram o esquema do mapa do jogo?
Da onde você presume que vieram as caixas sendo quebradas?
Da onde você julga vir o ato de coletar frutas?
O uga-uga então, aquela máscara que te da invencibilidade temporária, veio DA ONDE?
Ah meus queridos, Donkey Kong, Sonic e Super Mario foram boas grandes influências pra franquia que estava por vir.
A jogabilidade é o único quesito, em minha opinião, que deixa um pouco a desejar. Muito embora o controle da raposa passe ao jogador o peso do personagem a cada ação, muitas vezes os controles se mostram falhos e imprecisos, fazendo o Crash enfrentar a morte por diversas vezes durante o jogo.
Falando em mortes, e o que são aquelas animações de mortes? SIMPLESMENTE HILÁRIO o jeito que o Crash morre. Estas variam, ou com ele sendo queimado, explodido, esmagado, quando cai num buraco ou quando simplesmente leva um peteleco e cai desnorteado no chão. As animações são espirituosas e adicionam mais irreverência ao game.
AH PERAE, tava esquecendo de comentar um negócio muito importante. Tá certo que a jogabilidade tem seus pontos fracos, mas um mérito do game em jogabilidade, unido com design de fases, foi ter a diferenciação de gameplay ao longo do jogo.
Sério, se liga só: o gameplay básico do jogo é a câmera atrás do personagem e seguimos com ele em direção ao fundo da tela. Essa é a mecânica padrão com a qual nos deparamos ao longo da maior parte do jogo.
PORÉM, o pessoal do Cachorro Danado (Naughty Dog) quis dar uma renovada. Assim algumas fases são do bom e velho estilo sidescrolling, onde o personagem se move de direta pra esquerda ou vice-versa.
E tem também a mecânica básica já mencionada, com a única diferença de que o personagem, ao invés de ir para o fundo, vem em direção a tela, geralmente motivado por um pedregulho gigante rolando querendo-o esmagar, no melhor estilo Indiana Jones. Voilà!
A diversidade é grande, meus amigos.
Já te mostrei a carinha que ele faz pro jogador antes do jogo começar né? Tem uma fase, brother, que o Crash pula num burro. Sim, uma RAPOSA (xiu aí) pulando num BURRO, manja? Mas claro, antes disso, olha só a piscadela e a risadinha que o maluco dá pro jogador, na melhor referência a pica-pau, todo zoeiro. Depois vem me dizer que isso não parece uma raposa, AH FAÇA MEU FAVOR!
As músicas do game são um espetáculo a parte. Quem jogou Crash no Playstation 1 quando criança certamente vai ter as músicas no coração até hoje. Isso porque as músicas do Crash são muito peculiares, pois fogem daquele padrão de batidas eletrônicas e focam mais numa pegada selvagem, com instrumentos indígenas. Até o caboclo falando “Chengege Chengege iiiaaa” é memorável até hoje.
É meio chato ficar falando de música, então te fiz um grande favor e linkei aqui um vídeo com todo o soundtrack do primeiro jogo. De nada!
Todo bom protagonista precisa de um vilão. E aqui, como foi falado no começo deste artigo, temos o Doutor Cortex. Infelizmente ele está apagado no primeiro jogo, só aparecendo mesmo na intro e como chefe final. Nos demais games ele ganha mais notoriedade, sendo bem mais explorado nesse sentido. Não chega aos pés de um Doutor Robotnick ou King Koopa, mas certamente merece seu no hall da fama de vilões loucos de franquias de videogames.
O fator replay do jogo é grande por dois motivos: Um é o fato de o jogo ser muito divertido e relativamente curto (aproximadamente 6 horas). Outro fato, e um elemento muito bem implantado no jogo, são as caixas. Cada fase tem um número de caixas espalhadas, que lhe dão peras. Essas por sua vez, lhe conferem vidas ao chegar a contagem de 100 (acho que já vi isso antes). Caso o jogador não pegue todas as caixas de um cenário, ao final dele haverá um contador e, todas as caixas deixadas para trás, caem na cabeça do Crash, causando uma dor horrível ao personagem mas mais ainda, no ego do jogador, que passa a ter como missão de vida, retornar nas fases e coletar 100% desta vez.
O mais importante de tudo, galerinha, é que Crash Bandicoot, além de todos esses detalhes superbacanas mencionados, é um jogo DIVERTIDO. Todos os elementos se unem de uma forma genial e você passa horas se entretendo com o Crash “malucão”, as fases mais malucas ainda, uma trilha sonora emblemática que ficará em sua cabeça forever e um gameplay sólido.
Crash Brandicoot certamente está nos corações dos jogadores saudosistas e tem o poder sim, de chamar a atenção dos novos jogadores. Com uma proposta simples, mas bem executada, pegando vários elementos dos jogos clássicos de aventura como fonte de sua inspiração, Crash Bandicoot se estabeleceu como O MASCOTE DO PLAYSTATION e como um dos melhores jogos de muitos que a geração 32 bits pôde dar.