2 Join Critica: Venom

Mais uma vez estamos aqui trazendo nosso ponto de vista sobre um filme spin-off de uma grande franquia, mas desta vez dos quadrinhos. Diretamente do universo Homem-Aranha, um filme do Venom, só que fora do Universo do Homem aranha. Hã?

Explico. Tudo começou há um tempo atrás, na ilha do sol, quando Marvel e Sony fecharam o acordo para a Marvel poder utilizar o teioso no seu universo cinematográfico. Não tendo mais total controle sobre o aracnídeo, a Sony resolveu investir em um universo com os vilões do Homem Aranha, e o primeiro não podia ser outro senão aquele que é um dos mais queridinhos e letais adversários do alter-ego de Peter Parker: Venom.

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Ok, até aí tudo certo, Venom é foda e tal, mas tinha um porém: o filme não teria participação do homem aranha e também não se passaria no universo Marvel (o famoso MCU). Aí o troço começa a complicar, afinal seria um filme de origem e quem conhece um pouco do aranha sabe que ele foi o primeiro hospedeiro do simbionte que posteriormente seria seu grande oponente, então ficaria estranho retratar um sem outro. Seria o equivalente a ir a uma pizzaria que não vende Coca-Cola, só água mineral sem gás. Não dá pra separar.

 

 

  

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Mas não sabendo que era impossível, a sony foi lá e quebrou a cara fez. Baseado nos arcos “Protetor Letal” e “Planeta dos Simbiontes“, o filme mostra Eddie Brock como um repórter famoso que vive na Califórnia com sua noiva Anne (Michelle Williams, mas parecendo o Shigeru Miyamoto de peruca), até o dia em que é escalado para entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed), um uma espécie de Elon Musk do aranhaverso. Carlton é dono da Fundação Vida, empresa que investe em tecnologia e também em pesquisas para melhorar a qualidade de vida dos humanos, mas que não se preocupa com as cobaias humanas que utiliza nos testes. Eddie confronta Carlton em uma entrevista e acaba por ter sua vida destruída por ele. Desolado, com a carreira destruída e sozinho, Brock tenta juntar os cacos, até que uma das funcionárias de Carlton decide se rebelar e abrir o verbo contando toda a maldade que seu chefe está fazendo com as cobaias. Isso leva Eddie até a fundação, onde acaba tendo conato com o Simbionte e acabe possuído por ele. Vou deixar meio resumida essa parte pra não falar demais dos detalhes do filme e deixar todo mundo assistir sabendo o mínimo possível. 

Bom, se é possível um filme do Venom sem o homem aranha, então talvez seja possível também falar do filme sem falar do filme, não é mesmo? E sinceramente, eu curti. Apesar de um começo meio arrastado e uma necessidade inexplicável de repetir incansavelmente os planos do vilão cada vez que ele aparece, a película dá uma engrenada  e depois da primeira meia hora a coisa começa a andar muito bem. Tem furos de roteiro (gigantes até), cenas estranhas e momentos sem sentido, mas estamos falando do filme de um alienígena que toma conta de um jornalista e o transforma em um super-herói-vilão, então tá tudo perdoado. planetadossimbiontes

Tom Hardy se entregou de corpo e alma ao papel. Os melhores momentos do filme são dele, seja dialogando com seu hóspede ou fugindo de seus inimigos em uma perseguição de tirar o fõlego. E o timing de comédia é impecável, não é aquela coisa de piadinha o tempo todo, elas aparecem em momentos inesperados, e as gargalhadas são inevitáveis. Pena que os outros atores não tiveram a mesma sorte e acabaram com papéis menos expressivos. Riz Ahmed, apesar de ser um vilão meio genérico dos anos 50 também não se sai muito mal na atuação, mesmo caso de Michele Williams que só mostrou a que veio em uma ou duas cenas. Os outros personagens nem merecem muito destaque, maioria tem a importância e a utilidade de um NPC, com pouquíssima importância. Dá até pra arriscar a dizer que o protagonista carregou o filme nas costas.

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Uma das coisas que me preocupava quando vi o primeiro trailer era o visual do Venom, que parecia uma geleca mal feita. Felizmente na versão final os efeitos melhoraram bastante e ele ficou mais próximo do que estamos acostumados a ver nos quadrinhos ou nos desenhos animados. E mesmo com classificação 13 anos, tem empalamento, braços arrancados, e cabeças devoradas. Nem tudo é explícito, mas ainda assim tem um bom impacto na telona.

Era assim que eu imaginava 

Agora, se tem uma coisa que o filme é excepcional é nas referências e na fidelidade em relação aos quadrinhos. Dentro do que foi possível (a ausência do Homem Aranha), Venom traz muito material das HQs que serviram de base para o seu roteiro, e vários detalhes foram colocados na história, talvez pra mostrar para os fãs do simbionte que o pessoal não tava ali pra brincadeira. Preciso citar algumas aqui, e pra quem não viu já adianto: pode ser considerado spoiler, então leia por sua conta e risco:

Cuidado com o Spoiler.

Último aviso.

Ok, não reclame depois. Selecione pra ler.

– A cena de abertura mostra uma expedição voltando do espaço com algumas amostras de vida alienígena. Só que o bagulho dá xablau e a nave cai, matando toda a tripulação, exceto um astronauta. Do centro de comando, alguém exclama “é o Jameson!”. Sim, John Jameson, o filho do dono do clarim diário e atual prefeito de Nova York, J. Jonah Jameson, está no filme.
– Em uma conversa, Anne cita “o problema com o Globo Diário”, motivo pelo qual Brock deixou a cidade de Pallet Nova York. É uma referência direta ao momento em que o Homem Aranha desmascara e acaba com a carreira de Eddie Brock, iniciando assim o ódio do jornalista pelo aracnídeo.
– Kryptonita. Sim, puta que pariu, kryptonita. Em outra conversa, Eddie explica as fraquezas do simbionte, no que Anne pergunta “então isso é a kryptonita dele?”. Mais uma referência ao universo DC em um filme da Marvel (o outro foi Deadpool 2).
– Carlton Drake afirma por diversos (e desnecessários) momentos que quer usar o simbionte para curar o câncer. Essa informação é trazida do universo ultimate, onde os pais de Peter e Eddie são cientistas e criam o Venom justamente ao tentar descobrir a cura do câncer.
– No final do filme Venom diz que quer comer batatinha e chocolate. O chocolate contém fenetilamina, que é uma substância presente em outra guloseima que Venom adora: Cérebros.
– Nos quadrinhos, Eddie Brock puxa ferro o tempo todo pra ficar monstrão (trocadilho intencional), afinal, como ele mesmo afirma, “a força dele vem dos músculos”, não do simbionte. No filme isso não aparece em nenhum momento, porém em uma das cenas podemos ver halteres no chão do apartamento de Eddie Brock.
– A capa clássica de Venom: Carnage Unleashed, onde o Carnificina aparece arrancando o Simbionte do Eddie também é retratada no filme, porém quem faz isso é o simbionte vilão Riot.
– Stan Lee não podia faltar no filme. Ele aparece dizendo para Eddie que “os dois não devem desistir dela”, referindo-se à Anne. Venom pergunta quem é esse cara e Brock responde que não sabe, afinal Stan não criou nem escreveu nenhuma história do personagem.
– Venom fala pra Eddie que Riot está tentando usar um dos foguetes de Drake pra ir para o planeta deles e trazer milhares de simbiontes, referência direta ao arco “Planeta dos Simbiontes”.
– Donna Diego, que nos quadrinhos se torna Scream, é a segunda hospedeira de Riot. Mas fica por aí mesmo, não vemos nenhum dos outros simbiontes em ação, apenas referências às suas cores.
– She Venom, a versão feminina, aparece em um rápido momento do filme. Curioso é ver que ela foi retratada como as personagens de quadrinhos geralmente são: pernas longas, cintura fina e seios fartos, bem diferente da hospedeira escolhida.

Olha, não sei vocês mas só isso aqui já me deixou de queixo caído durante o filme, e provavelmente se procurarem mais vão acabar encontrando outras.

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Venom pode não ser nenhuma obra prima da sétima arte, mas acaba por cumprir o seu papel: dar dinheiro pra sony pictures entretém, diverte e é uma boa desculpa pra encher a cara de pipoca e refrigerante. Sou suspeito pra falar, afinal sou um grande fã do personagem (inclusive vestindo uma camiseta dele no momento em que redijo estas linhas), mas vale a pena perder duas horinhas do seu dia pra curtir o filme.

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Pra descobrir o motivo da Sony para fazer o filme é só inverter o logo

Ah, antes que eu me esqueça, o filme tem duas cenas pós créditos: a primeira dando um gancho para Venom 2 e a segunda, quando os nomes realmente acabam de subir mostra 5 minutos da animação do Aranhaverso que sairá agora em novembro. Não saia da sala antes disso, ou eu arranco seus braços, suas pernas e seu rosto, ok?

 

Fmrbass

Fã de Zelda e adepto da Nintendo desde que se conhece por gente. Fora um Atari e um Mega Drive, todos os seus outros consoles foram Nintendo. Nunca teve um Playstation ou Xbox (e nem pretende ter), já que nunca viu motivo pra isso.